quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pega na mentira

Nada mal, hoje é primeiro de abril e todo mundo sabe, dia da mentira. Não sei pra quê um dia da mentira se todo mundo mente, todos os dias. O mínimo que se poderia ter é um dia da não-mentira, como na sexta-feira santa não se pode comer carne, no dia da não-mentira ninguém poderia mentir, sob pena de arder no fogo do inferno, ter um dedo cortado ou ganhar uma cirurgia plástica pra aumentar o nariz – à lá Pinóquio.
A mentira faz parte da rotina do ser humano, não tão vital quanto o ar que respiramos, mas tão necessária quanto o tempero na comida do almoço.
Mentimos, descaradamente – ou não. Sobre a mancha de batom no colarinho da camisa, sobre o modelito social da prima, sobre o novo cabelo do namorado, sobre a comida da cunhada, sobre o presente do amigo-oculto, sobre o motivo da viagem no final de semana, sobre a doença do final de semana.
E quem não mente?
O mais engraçado do dia da mentira é que, justamente nele, onde a mentira é liberada, pra ir e vir, é que as mentiras são menos disfarçadas e descaradas. O homem se tornou expert em mentir, e logo quando ele pode exercer essa sua capacidade sem peso na consciência, ele brinca com os fatos.
Mas mentira não é brincadeira não, salvo as de primeiro de abril, mentira é coisa séria. Tá, nem sempre mentira é coisa séria, os trotes no telefone, os sustos na família e as pegadinhas com os amigos estão perdoadas. Mas o restante das mentiras são coisas sérias, tão sérias que é preciso muito profissionalismo, mão de obra e personalidade para produzi-las – e mais, pra sobreviver com elas. Mas e aí, o que vale mais? O profissionalismo de uma mentira ou a honra sincera de uma verdade?
Todo mundo sabe que não existe ser no mundo que esteja isento de uma mentirinha ou outra, eu mesma, outro dia, disse pra minha mãe que estava indo tomar um sorvete, quando na verdade era um picolé. Espero que ela não fique triste quando descobrir. Mas, voltando ao assunto, não existe ser que resista a uma mentira, aliás, que boa idéia pra um 8º pecado capital, eu prefiro a mentira do que a preguiça, por exemplo (taí uma mentira pro meu primeiro de abril).
Buenas, o recado – que nem era pra ser um recado – já está maior do que era pra ser. Na verdade a intenção era só parar um pouco pra pensar no quanto o mundo anda mentindo – ou seria, no quanto o mundo mente andando -. Entre uma pegadinha aqui, e outra mentira lá, daqui uns dias caímos e nos machucamos nas nossas próprias inverdades. Pense nisso.
Ah, não brinca? Tu nunca mentiu? Nem eu.
(pronto, chega de pegadinhas de primeiro de abril, por hoje)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O gato

- Mimimimi - Meu pai tentava, tranquilamente, imitar um ruído felino pra atrair um gato que ele dizia estar do outro lado da rua.
- Cadê o gato, pai? - Perguntei curiosa, esperando que o gato se aproximasse, e que fosse pelo menos dócil o suficiente pra que eu pudesse pegar ele um pouco no colo (gosto mais de cachorros, mas a indiferença felina me atrai inexplicavelmente).
- Tá ali naquela grama, tu não enxerga, o carro tá na frente. - Meu pai respondeu, ainda tranquilamente.
Silêncio.
Dois minutos depois.
-
Pai, que cor é o gato? - Eu perguntei, num tom surpreendentemente desesperado.
- É preto filha. Por quê?
- MEU DEUS PAI! Hoje é sexta-feira TREZE. Sabe o que significa ver um gato PRETO numa sexta-feira treze?!
Num gesto estupidamente repentino, levantei o livro que eu estava lendo, de forma que ele cobrisse totalmente o meu rosto e me impedisse de ver sequer um pêlo, ou uma pulga que fosse, proveniente do gato.
- Me avisa a hora que ele sumir daí, pra eu poder abaixar o livro.
RISOS.

Coitado do gato.

Hoje é sexta-feira treze. Eu não estava pensando em postar nada, mas o episódio - que depois soou cômico - me inspirou pra divagar um pouco.

Eu fiquei tão desesperada com o fato de correr o risco de receber a sentença de anos de azar caso visse o gato – que não faz idéia do quanto foi odiado injustamente naquela hora – que parei pra pensar depois no quanto somos palermas e idiotas quando acreditamos nessas superstições mesquinhas. Quer dizer, eu não tenho tanta moral pra falar com toda essa convicção, já desviei milhares de vezes as escadas no meio do caminho pra não passar por baixo, já cuidei pra não quebrar espelhos – e que me lembre, nunca quebrei um -, já – a exemplo de hoje – temi os pobres gatos pretos na sexta-feira treze, e quem (por mais cético que seja) nunca temeu o tão famoso azar da sexta-feira treze? Mas que besteira acreditar que esses acontecimentos são mesmo capazes de mudar o cosmo a ponto de fazê-lo conspirar contra nós.

Num cotidiano em que somos sortudos se tivermos a oportunidade de sairmos de casa e voltarmos vivos, ou pelo menos inteiros, ou com a nossa bolsa, carteira ou tênis no lugar.

Num cotidiano em que somos sortudos se tivermos todas as refeições do dia completas o suficiente pra não ficarmos subnutridos.

Num cotidiano onde uma bala perdida – que tem ene possibilidades de direções pra seguir no ar – encontra como obstáculo justamente algum corpo humano, e pior ainda, um corpo inocente.

Num cotidiano em que somos sortudos em podermos estar vivos, ainda tem gente que se preocupa com esse negócio de temer eventos surreais que poderiam causar qualquer azar que fosse.

Quer dizer, azar nenhum se compara ao azar permanente a que estamos submetidos, desde o momento em que tiramos o pé da cama – melhor ainda, se tiramos o pé dela e não batemos o dedinho na sua própria quina.

Pra falar a verdade, acho que precisamos rever nossas superstições. Porque hoje em dia gato preto, escada nem espelho quebrado nenhum é, nem de longe, ameaça pra ninguém, já que ver qualquer pessoa – e de qualquer cor - na sexta-feira ou na segunda ou na terça-feira treze pode ser muito mais do que azar. Quando estamos rodeados de má fé, de violência, de impunidade e de medo, gato preto daqui uns dias vira é amuleto!


Espero que esse post não dê azar pra ninguém, porque eu comecei ele com a mão esquerda (apesar de isso ser inevitável, já que eu começo e termino tudo com ela!).


Ah, nada melhor do que terminar com um ‘boa sorte!’ :)





quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Novo post :)

Embora isso seja um novo post, o novo post não está aqui.

ÓHH! Como assim?

O próximo post, intitulado "Comodismo mata" encontra-se
no site www.emvideira.com.br, na sessão "Blogão".

Provem que vocês não são acomodados e dêem uma conferida lá,
já que agora escrevo pra lá também :D

Beijão a todos!
E não esqueçam:

www.emvideira.com.br

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O que você vê na tevê

A eleição Melhores & Piores de TV Press, é um ranking realizado há 19 anos pela agência de notícias junto à 60 jornalistas da área de cultura em todo o País. A votação é dividida em três categorias: linha de shows, telejornalismo e dramaturgia. Como o que me diz respeito, particularmente, é a categoria de telejornalismo, achei interessante postar aqui os resultados do ranking que pode surpreender bastante gente.

Foi notável que em 2008, os Jogos Olímpicos de Pequim fizeram proliferar matérias sobre os costumes e a cultura chinesa e praticamente todas as emissoras enviaram repórteres para o país da Grande Muralha. Passada a euforia com os resultados conquistados pelos heróis olímpicos - o Brasil não pôde comemorar muito -, foram as eleições americanas que renderam pautas para os telejornais. A vitória de Barack Obama gerou inúmeras reportagens sobre o orgulho do povo norte-americano por ter eleito o primeiro presidente negro de sua história. No Brasil, a disputa pela prefeitura das cidades também animou as redações das emissoras de televisão. Os jornalistas tiveram muito assunto para falar. Mas, na opinião dos editores dos jornais e portais que veiculam o conteúdo de TV Press – responsável pela realização do julgamento dos programas e apresentadores -, a Globo nem sempre foi a melhor na hora de dar as informações. Para justificar os resultados, seguem os felizardos e os infelizardos do telejornalismo brasileiro.



Categoria TELEJORNALISMO

Telejornal
Melhor: Jornal da Globo

2º Melhor: Jornal da Band

Bem oxigenado

O Jornal da Globo é o último a ser exibido pela emissora e muitas vezes precisa apresentar notícias que já foram veiculadas por todos os telejornais da casa. Mesmo assim, a equipe não se limita a exibir um "resumão" do dia e consegue deixá-lo com cara de atual, averiguando outros ângulos dos fatos. Correspondentes internacionais entram ao vivo, comentaristas fazem suas análises ao lado de William Waak e Cristiane Pelajo na bancada e, quando é preciso, eles buscam os melhores entrevistados, não importa se já é madrugada. Sempre atual e dinâmico, o Jornal da Globo foi considerado o Melhor Telejornal de 2008 pelos editores assinantes de TV Press.

Pior: Jornal Hoje
2º Pior: Rede TV News
TV Mulher
O horário do almoço pede um jornalismo mais leve, para não assustar o telespectador. Mas, ao exagerar nas pautas rasas sobre beleza e economia doméstica, o Jornal Hoje mais parece um programa feminino e ficou com o título de Pior Telejornal. Até receitas culinárias são pauta para o jornalístico, que muitas vezes parece sofrer de falta de assuntos sérios. Os apresentadores Sandra Annenberg e Evaristo Costa constantemente erram a mão ao fazer comentários pessoais vazios depois de determinadas reportagens serem exibidas. Mais parece conversa de comadres no salão de beleza.

Produção jornalística
Melhor: Por Toda Minha Vida
2º Melhor: Profissão Repórter
Perdido na noite
O fato de ser exibido tão tarde não fez Por Toda Minha Vida ser esquecido e o programa foi eleito a Melhor Produção Jornalística de 2008, na eleição feita com os editores assinantes de TV Press. Para homenagear grandes artistas da música popular brasileira, a produção une dramaturgia e um belo trabalho de pesquisa em busca das mais interessantes fontes para entrevistas e das melhores informações. O resultado são histórias de vida contadas de maneira primorosa, sempre com aprofundamento e edição eficientes. O que faz pouca diferença é a apresentação de Fernanda Lima.

Pior: SBT Repórter
2º Pior: Brasil Urgente
Produto genérico
Sem absolutamente nenhum diferencial, o SBT Repórter investe na mesma linha do precursor Globo Repórter e do também pouco original Repórter Record. O programa exibe reportagens longas sobre os mais diferentes assuntos, com destaque para os animais, as doenças que afligem a população e curiosidades de outros lugares do mundo. O único diferencial é o apresentador César Filho, o que não bastou para fazê-lo escapar do título de Pior Produção Jornalística de 2008.

Apresentação de telejornal
Melhor: Fátima Bernardes
2º Melhor: William Waak
Presente e aparente
Apesar do formato engessado do Jornal Nacional, Fátima Bernardes faz diferença na bancada e foi eleita em 2008 a Melhor Apresentadora de Telejornal pelos editores que assinam o conteúdo de TV Press. A jornalista mostra segurança ao noticiar os fatos, sem deixar de lado a simpatia e o carisma que são suas fortes marcas. E em grandes acontecimentos ou eventos, quando é preciso partir para a reportagem, ela mostra que mantém a energia de uma profissional iniciante, sempre com o desejo de conseguir a melhor entrevista e a mais interessante matéria.

Pior: Cynthia Benini
2º Pior: Sandra Annenberg
O passado condena
Cynthia Benini há tempos tem se esforçado para transmitir a seriedade que o jornalismo pede. Mas em 2008, ela foi escolhida a Pior Apresentadora de Telejornal na eleição de TV Press. O passado da moça pesa nessa decisão. Ela já participou de uma edição do reality show Casa dos Artistas e também apresentou ao lado de Analice Nicolau um telejornal de saia curta, em uma bancada vazada. Nem a companhia do experiente Carlos Nascimento no Jornal do SBT Noite contribuiu para a imagem de Cynthia.

Programa de Entrevistas
Melhor: Gordo Visita
2º Melhor: Programa do Jô
Irreverência vence a caretice
Os programas de entrevistas sempre mantiveram um formato quadradinho, com nada além de uma conversa entre entrevistador e entrevistado em um cenário sem graça. Até João Gordo aparecer com sua autenticidade em Gordo Visita, eleito o Melhor Programa de Entrevistas na votação dos editores assinantes de TV Press. O apresentador conduz os bate-papos de maneira pouco óbvia, sem receio de fazer perguntas mais delicadas ou constrangedoras. Sem papas na língua, mas sempre com educação, ele torna interessante o diálogo com os mais diferentes tipos de convidado. E, como vai até a casa dessas figuras, acrescenta um dinamismo ao velho formato, o que torna uma edição diferente de outra.

Pior: Estrelas
2º Pior: Programa Amaury Jr.
Totalmente opaca
De nada adianta o rostinho bonito e a experiência que adquiriu na TV desde que estreou quando ainda era uma criança. Angélica tem dificuldades de conduzir com naturalidade uma boa conversa e Estrelas foi considerado o Pior Programa de Entrevistas pelo segundo ano consecutivo na votação realizada por TV Press. Em 2008, a produção do programa chegou a criar novos quadros, mas nada que vá além de uma releitura das antigas e manjadas pegadinhas antes apresentadas por Silvio Santos ou Faustão. O programa continua pouco atraente e a apresentadora não tem carisma. Nem quando entrevista os figurões do elenco da Globo que estão à sua disposição, Angélica consegue ter bom aproveitamento.

Programa de Variedades
Melhor: Hoje em Dia
2º Melhor: Fantástico
Quarteto fantástico
O Hoje em Dia está repleto de brincadeiras e merchandising, mas consegue manter a originalidade em suas pautas e aumentou o espaço para o jornalismo. Tudo mesclado na dose certa rendeu ao programa da Record o título de Melhor Programa de Variedades. Culinária, moda e vida dos artistas nunca ficam de fora, mas redações de várias cidades trazem agora notícias de diferentes regiões do país. Isso deixou o programa mais completo e menos regionalista. Britto Jr, Ana Hickmann, Eduardo Guedes e Chris Flores continuam empolgando.

Pior: Olha Você
2º Pior: TV Fama
Duro de olhar
As tardes na TV já estão repletas de programas com o mesmo formato e que falam sobre os mesmos assuntos. O SBT resolveu oferecer mais um. Olha Você é o Pior Programa de Variedades de acordo com os editores dos jornais e portais que publicam o conteúdo de TV Press. O mundo dos artistas, pautas de comportamento, assuntos domésticos e uma pitada de jornalismo, enfim, o molde é exatamente igual ao dos concorrentes, mas com uma qualidade de produção infinitamente inferior. Para piorar, os apresentadores Alexandre Bacci, Claudete Troiano, Ellen Jabour e Francesco Tarallo mostram total falta de entrosamento e não fazem questão nenhuma de disfarçar as rusgas que existem entre eles e que já geraram incontáveis notas na mídia.


Estamos acostumados a julgar o jornalismo de uma forma equivocada; lendo a respeito do Prêmio da TV Press, não foram raras as contestações principalmente com relação ao julgamento dado ao Jornal Hoje e sua formosa âncora Sandra Annenberg (Pior Telejornal e segunda pior apresentadora de telejornal, respectivamente), oras! O JH é tão diferente dos outros telejornais, com um toque extremamente informal, as conversas descontraídas entre Sandra e Evaristo fazem com que o público acredite que aquilo ali seja o telejornalismo ideal; mas e o jornalismo – o factual, a notícia e a seriedade atrelada a tudo isso -, onde fica? Sou telespectadora de alguns telejornais, e entre eles o JH, e confesso que o jeito irreverente como é apresentado bem como as pautas mais “lights” levam a massa a acreditar que evitando a rigidez do jornalismo as coisas podem ser mais bonitas, mas não é assim, os fatos acontecem – surpreendentes, indignantes, violentos - e devem ser levados à sociedade de forma equivalente, maquiar a realidade com informalidade não torna os fatos menores do que são, nem a realidade diferente do que é. A indignação do público perante o julgamento da Sandra como segunda pior âncora não me soa como surpresa; essa semana mesmo assistindo ao JH com meu pai, ele comentou bastante satisfeito “olha como ela cativa o público com esse comportamento alegre, simpático, muito melhor que a Fátima Bernardes, que é sempre fechadona”, e tenho certeza que muito mais gente concorda com ele; contudo, a questão que não pode ser esquecida é a de que assistimos a um telejornal buscando nada mais nada menos do que jornalismo, não simpatia muito menos sorrisos invejáveis no rosto dos seus apresentadores, logo, o fato de a Fátima ter sido escolhida (de novo!) como melhor âncora é mais uma prova de que a visão da massa brasileira sobre o que é o bom jornalismo está, senão errada, cega para determinados quesitos.

Depois de algumas aulas de Sociologia da Comunicação, Teorias da Comunicação, da leitura de alguns autores renomados na área da análise dos meios de comunicação de massa e de estudos sobre a qualidade da programação televisiva, confesso que fiquei demasiadamente empolgada com o assunto e abri muito a cabeça na hora de assistir e perceber o quanto a televisão aberta é pobre e o quanto ela tenta (e consegue!) empobrecer as mentes da população como um todo. Programas de televisão (que deveriam ser jornalísticos) cada vez mais perdem seu compromisso com a verdade e tratam de preencher o caro e precioso espaço nesse veículo tão influente, com baboseira, nada mais do que baboseira; e mais intrigante do que isso, é ver como a sociedade aprova essa programação sem cultura, sem nenhum acréscimo, por menor que seja; ou tua vida muda alguma coisa depois que tu conheceu a casa da cantora famosa enquanto ela e a Angélica batem um papo inútil no sábado à tarde? Não, nada muda; percebe-se então que a Tv Press foi coerente no julgamento dos programas de entrevista, ao mostrar que futilidade não deve perder espaço para jornalismo de verdade.

Já me prolonguei demais, a intenção mesmo era divulgar a lista e, com ela, a minha total aprovação à mesma, que foi coerente ao julgar com rigidez o telejornalismo brasileiro, distribuindo as carapuças de forma que cada uma serviu ao seu destinatário.



Fico curiosa com a opinião alheia a respeito. Quem concordar, discordar ou ainda, quem quiser só fazer algum comentário a respeito, à vontade!



Beijos :D



Seguem mais alguns dos premiados:



Categoria DRAMATURGIA:

Novela
Melhor: A Favorita
2º melhor: Queridos Amigos.

Pior: Os Mutantes - Caminhos do Coração
2º pior: Revelação

Atriz Revelação
Melhor: Nathália Dill
2º melhor: Carolinie Figueiredo

Ator Revelação
Melhor: Miguel Rômulo

2º melhor: Leonardo Medeiros

Ator
Melhor: Dan Stulbach
2º melhor: Murilo Benício

Pior: Sérgio Abreu
2º pior: Caetano O'Maihlan

Atriz
Melhor: Patrícia Pillar
2º melhor: Mariana Ximenes
Pior: Bianca Rinaldi
2º pior: Rosanne Mulholland
Melhor Atriz Coadjuvante
Melhor: Leandra Leal
2º melhor: Lilia Cabral

Melhor Ator Coadjuvante
Melhor: Iran Malfitano
2º melhor: Jackson Antunes

Autor
Melhor: Maria Adelaide Amaral
2º melhor: João Emanuel Carneiro


Categoria LINHA DE SHOWS

Produção Humorística
Melhor: CQC - Custe o que Custar – muito merecido, diga-se de passagem!
Pior: A Praça É Nossa - muito merecido, diga-se de passagem! [2]

2º pior: Show do Tom - muito merecido, diga-se de passagem! [3]

Produção Infantil
Melhor:
Vila Sésamo
2º melhor: Sábado Animado
Pior: A Turma do Didi - muito merecido, diga-se de passagem! [4]
2º pior: Bom Dia & Companhia
Desenho Animado
Melhor:
Pica-pau – o velho e bom pica-pau :)
2º melhor: Andy e seu Esquilo
Pior: Yin Yang Yo – vulgo lavagem cerebral infantil
2º pior: Jackie Chan – sem comentários!

Programa de Auditório
Melhor: Altas Horas – merecidíssimo!
2º melhor: Caldeirão do Huck – não concordo muito, acredito que pra merecer o título de segundo melhor programa de auditório o Caldeirão do Huck podia apresentar muito menos peitos e bundas, bem como explorar histórias mais interessantes do que os clichês de pessoas necessitadas que se submetem a provas ou apresentações esdrúxulas pra ganhar carros, casas ou cheques que melhorem suas vidas.
Pior: SuperPop – ahuehauehaueuaheuaeaue!
2º pior: Domingo Legal - auheuheuheauheuaehau!
E o Faustão deve ser o próximo da lista!

Programa de Competição ou Reality-Show
Melhor: Big Brother Brasil 8 – menos pior, poderia ser.
2º melhor: Troca de Família
Pior: Dr. Hollywood – a coisa mais tosca – e sanguinária - que eu já vi na vida!
2º pior: Nada Além da Verdade

Seriados importados
Melhor:
Ugly Betty
2º melhor: Heroes
Pior: Hanna Montana
2º pior: Eu, a Patroa e as Crianças



P.S.: Os dados foram coletados do site Terra, sendo os mesmos oriundos da própria agência Press :)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Balanço de final de ano

Quando ouvimos na Globo a lendária “hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou [...]”, quando a Coca-Cola troca figuras pop e jovens por ursos polares e Papais Noéis nos seus comerciais, quando o vermelho, branco, verde, pisca-piscas e afins começam a nos cercar, percebemos que é próximo o final do ano e com ele a hora dos balanços; fazer os balanços financeiros, sociais, do trabalho, enfim, é hora de parar pra reparar no que aconteceu e efetivar a famosa relação de perdas & ganhos. E eu lá tenho saco pra ficar fazendo balanço? Aliás, eu lá tenho do que fazer balanço?! Tenho sim, esse ano foi o primeiro de uma nova fase, e certamente ele merece uma boa descrição de saldos.
A lista dos aprovados do vestibular foi como um passaporte para a virada de 180° que a vida de alguém - que sempre foi dependente e nunca morou fora da casa dos pais até os 17 anos, 11 meses e alguns dias - ia presenciar. A partir dali não precisava mais saber quanto é o logaritmo de 45 na base 9, nem que as briófitas são os vegetais mais simples, muito menos que o movimento retilíneo uniformemente variável é aquele que tem aceleração; a partir dali eu tinha que saber cozinhar, lavar roupas, limpar a casa, lidar com uma distância de consideráveis quilômetros da minha casa, da minha família, dos meus amigos e, como se não bastasse, estudar, estudar, estudar. O nome disso: faculdade.
Tudo começa com uma sessão de pânico, medo do novo, medo das pessoas, medo de não me encontrar, de não ser encontrada nesse mundo que ainda não era o meu. Eu não estava exatamente onde queria estar - e confesso, ainda acredito não estar! - mas os dias vieram trazendo consigo coisas interessantes, instigantes e divertidas.
As pessoas começam a deixar de serem estranhas, ou melhor, algumas delas. As afinidades são como no Big Brother, determinam os escolhidos e os excluídos das nossas vidas, e foram elas que me levaram às pessoas responsáveis por parte significativa da minha felicidade aqui.
O mais estranho é você querer que as pessoas saibam como você é, mas você se dar conta de que as pessoas aqui não te conheciam como o seu melhor amigo, como a professora do colégio, como a vendedora da loja de sempre. É preciso mostrar pras pessoas quem você é, descobrir quem elas são, e ainda fazer isso tudo direito, caso contrário ou você é deslocado, ou todo mundo. Talvez seja um pouco psicótico isso, mas era o que eu sentia. Eu queria que as pessoas enxergassem a minha alma, o que eu era por dentro, mas ninguém enxerga isso, então mais um desafio para a lista: me fazer conhecer.
A diversidade de jeitos, de sotaques, de culturas, de inteligências - e, infelizmente, da falta dela - dentro de uma sala de aula nunca foi tão nítida e presente na minha vida estudantil, saber lidar com isso também é um empecilho, respeitar ou simplesmente abstrair-se do que não me diz respeito, e as relações correm bem.
Os estudos não foram problema. Se eu me preocupei com a inserção social no meio acadêmico, com a inserção didática foi o contrário, eu não poderia estar em outro curso, com outras disciplinas, o Jornalismo é a minha praia, a minha areia, os meus peixes, e o que mais puder. Mergulhei de cabeça nele sem medo de me afogar - exceto no final do semestre!
Sem dúvidas a experiência mais fascinante deste primeiro ano de faculdade foi a liberdade. Não que eu não a tivesse antes, mas agora era diferente, administrar a própria liberdade parecia algo surreal, e é, mas exige muito controle, muita maturidade, muitos limites. Poder sair pra qualquer lugar, até qualquer hora, com quem quisesse e fazer o que quisesse, parece simples, mas neeeem tanto. Ser responsável por si próprio, estar ciente do que fazer e das consequências do que se faz, saber pra que dizer sim, pra que dizer não, quebrar a cara, arrepender-se, tudo isso envolve o jogo do “be free” que eu tenho nas mãos.
Eu não sou a estudante mais perfeita, tampouco a mais psicodélica. Posso dizer que eu vivi muita coisa nesse primeiro ano, mas tenho certeza que se comparar o meu saldo de loucuras com muita gente, vou perder de uma baaita lavada. Não acho isso ruim. Eu sou bastante feliz por esse ano letivo que tá terminando e não mudaria uma vírgula nele se pudesse voltar no tempo.
E as experiências. Essa é a parte nostálgica e divertida de contar.
O trote, a quebra do gelo, as trovas, os primeiros amigos, o começo da festa, o começo do estudo, o carimbo inicial. As aulas, o deslumbre, o gosto, o Restaurante Universitário - vulgo Morte Lenta, no menos pior dos sentidos! -, a escrita. O filme, o atraso, o começo da mudança. As junções, pizzaria, 1402, conversas, 503, risadas, música, cantoria e baralho. A mudança, 102, apartamento e uma pequena família, eu e a Bru, a gente vive juntas, a gente se dá bem :). Festas, bastante, de todos os tipos, em muitos lugares, Spazio, Baiuca, Mendonças, Pracinha da Uri, sem contar nos apartamentos por aí que deram trabalho pros vizinhos mas que deram muita alegria pra gente. As jantas com os cardápios mais sofisticados e/ou improvisados que se possa imaginar. Os churrascos - muitos deles sem carne! As bandas cinza noite afora, pra ver vitrine, pra passar o tempo, pra voltar pra casa, pra sair de casa. As bebedeiras, caipira, batida, cerveja, tequila. O chimarrão que é vício, o tererê que é bagual e o Rio Grande do Sul que é tri legal tchê! As companhias bacanas no sofá gostoso, pra jogar conversa fora, pra assistir o Jô, pra ver filme, pra ouvir música, pra ver futebol, pra não ver nada ou pra nenhuma das anteriores. As pessoas com quem eu ri, com quem eu chorei, com quem eu dancei, com quem eu corri, de quem eu ri, com quem eu brinquei, quem eu mordi, beijei, abracei, quem eu queria mais, quem eu não queria, quem me quer bem, quem me entende, quem me diverte, quem me irrita, quem me cativa, quem me aconselha, quem eu ouço, quem me escuta, quem fez festa, quem estuda, quem tá junto, todo mundo que fez parte de algum jeito e que sabe quem é.
Não aprendi a jogar truco, mas nunca joguei tanta carta na vida. O pessoal do baralho é uma parceria e tanto, o tempo passa e ninguém percebe. Os intervalos do almoço eram curtos pro tempo do jogo.
Não sei se o tempo que passou rápido, ou se essa é a falsa impressão que se tem diante de tantos acontecimentos, de tantas coisas, de tanta ocupação. Passaram-se dois semestres, o primeiro ano da faculdade. Experiência única e inexplicável. Talvez eu pudesse estar mais feliz em outro lugar, mas estaria mentindo se dissesse que neste um ano eu não fui feliz, porque eu fui. É claro que não foi tudo um mar de rosas, eu só não vou escrever um texto contando o que não foi legal ou o que eu não gostei, até porque no meu balanço de final de ano letivo, os ganhos superaram as perdas.

E é isso aí.
:D

Faltou muita coisa, mas pra bons leitores, breves histórias bastam.
E até o ano que vem!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Procuram-se férias

Eu sei que tem gente muito mais atarefada do que eu.
Que tem gente muito mais responsável do que eu.
Que tem gente que tá muito mais estressada que eu.
E que é pra se pensar naquela coisa de que 'sempre tem alguém pior'.
Mas dessa vez vou apelar para o egocentrismo e o egoísmo e reclamar
dessas férias que estão fugindo de mim como o Jerry foge do Tom.
O ano passou voando, literalmente; num piscar de olhos era Janeiro, n'outro Julho e agora Novembro - graças a Deus! -, mas, quando o tempo deveria passar mais rápido, parece que injetam-se umas 6 horas no dia, mais umas 3 na noite, e as férias tão esperadas pairam no horizonte, ainda longe do alcance dos braços.
Às vezes dá vontade de acionar uma bomba-relógio: explodir o tempo, explodir as tarefas, explodir as pessoas - aquelas que dão náuseas - e explodir essa apreensão que insiste em ficar martelando na cabeça "acaba logo", "passa tempo", "help me!".
Eu sei que é inútil, que o tempo não vai acelerar seu curso, que as tarefas não vão fazerem-se por conta própria e que ninguém tá nem aí pro meu momento-colapso-nervoso, mas mesmo assim, é legal escrever sobre isso. Pra quem ler não sei, mas pra mim é bom, embora eu esteja perdendo meu precioso tempo caótico-super-atarefado aqui divagando sobre a minha falta de tempo, um tanto paradoxal, mas os paradoxos são inevitáveis, como o tempo, as tarefas e o cansaço.
Eu tô cansada. Quero voltar pro colo da minha mãe, quero ver um "aprovada com nota" ao lado de todas as disciplinas da faculdade, quero fazer as malas rumo às férias como quem faz as malas para a lua de mel, quero tirar o peso das costas, mesmo sabendo que o meu quilograma de estresse nem se compare com as toneladas de muita gente.
Quero também um chapéu ortopédico, aquele que dizem - milagrosamente! - colocar a cabeça no lugar. Sim, eu preciso colocar a cabeça no lugar. É final de semestre, final dos trabalhos, final da rotina estudantil esgotante, final de algumas futilidades, aliás, minto quando falo em final, porque na verdade é sou uma pausa, ano que vem tudo volta ao anormal, porque normal é estar de férias :)
Chega de reclamações.
Eu não tive tempo nem idéias realmente legais para escrever ultimamente.
Aliás, até tive, mas o estoque de lucidez sempre acabava com coisas mais urgentes do que o blog.
Mas as férias estão ali, ou lá, esperando pra me dar aqueeele abraço.
Daí eu vou ter tempo, cabeça, idéias, neurônios e coisas legais para escrever - eu espero! Caso contrário, eu serei uma pseudo-blogueira-fracassada.

P.S.: Eu JURO que vou escrever coisas legais aqui. Não frustrem-se depois deste post. Obrigada pela compreensão :D

domingo, 12 de outubro de 2008

Tributo à velha infância


Quando os brinquedos, as bonecas e as brincadeiras não representam nada além de lembranças (meigas lembranças!) e nostalgias.

Quando o chiclete de bola perdeu o gosto e o algodão doce não tem mais sabor de nuvem.

Quando o arranhão no joelho não passa com um colo de mãe, a dor de ouvido não sara com um chocolate, e o pior, quando as dores são muito mais interiores e não partem de um tombo de bicicleta.

Quando o Doug Funnie e o Fantástico mundo de Bob não são mais a programação de todas as manhãs.

Quando A Pequena Sereia virou tubarão, quando o sapatinho da Cinderela não serviu mais.

Quando a infância virou passado.

O balanço no quintal da casa da minha avó já não existe mais, talvez porque as crianças que por gerações se embalaram nele agora tenham tamanho e peso demais que as cordinhas não mais suportem; a velha bola de futebol que reunia a turminha na rua de casa agora diverte o cachorro, talvez porque os pés que um dia a chutaram hoje tenham perdido a inocência e adquirido força demais; a lousa que dava aulas de mentirinha para a minha irmã se perdeu, não sei se entre as velharias ou no tempo que correu depressa demais; a bicicleta cor-de-rosa de rodinhas agora enferrujada não carrega mais nenhuma menina moleca nem a derruba pelas ruas afora; o pega-pega já assumiu um sentido muito mais malicioso do que a velha brincadeira em que um corria atrás dos outros.

O tempo passou e eu não sou mais criança. Talvez até seja, mas é a vida que não me permite mais ser. As medidas aumentaram (tanto pra cima quanto pros lados!), o pé cresceu, comer doce agora engorda, chorar agora é muito mais que manha, dormir agora é muito mais que descanso, estudo agora é muito (e muito!) mais que responsabilidade.

A minha mãe, agora a mais de 300Km de distância, não vai acordar para me cobrir se as cobertas caírem no chão durante a noite, tampouco preparar um chá se uma dor de cabeça bater; o meu pai até me pega no colo, mas não agüenta por muito tempo; a minha irmã (ah, a minha caçulinha!) já quer ser independente e já tem tpm. E eu? Eu sinto saudades do tempo em que era legal ter um metro e meio.

Eu cresci, eu queria crescer. Mas é sempre assim, quando se é pequeno, se quer ser grande; quando se é grande, se quer voltar a ser pequeno. Tudo em vão, o tempo não respeita nada nem ninguém. Ele simplesmente passa.

E agora eu sou uma criança grande. Que, muitas vezes gostaria de voltar pro aconchego de casa, pro recreio do colégio, pro colo de mãe. Mas a vida não deixa, a implacável vida e o irredutível tempo, sempre a postos, me lembram de que a vida é feita pra ser degustada fase a fase e que, se a infância foi boa, que bom, virão boas lembranças.

Mas que a vida não me tire - quando eu sentir saudade – a inocência, a molecagem, a graça, o paladar para guloseimas, o melhor colo do mundo dos meus pais, as lágrimas bardosas e a peraltice que só uma criança pode ter. Que a vida me permita ser criança, mesmo que por alguns minutos, quando eu sentir vontade.

Passem os anos, venham as seriedades, mas que nunca esmoreça, dentro de nós, ♫ a nossa velha infância.


Hoje é dia das crianças e a saudade do tempo que eu era criança bateu agora, não sei se por causa do clima melancólico do fim de domingo ou por causa das repetições na televisão e na rua pela passagem desse dia. O fato é que bateu uma lembrança tão real agora que resolvi registrar, e eu queria chorar agora também, mas só se fosse no colo da minha mãe.


Beijos com sabor de pirulito :)



domingo, 5 de outubro de 2008

Não à Justificativa

Data propícia para um post: dia de Eleições.

Hoje eu acordei com a consciência leve. Leve porque não vou entrar na cabine de voto pra receber uma sentença de morte, não vou contribuir para a eleição de ninguém. Leve porque não precisarei desperdiçar – como muitos o consideram – o voto teclando branco ou nulo. Vou justificar. Se bem que justificar é o termo mais inadequado para a ocasião, de minha parte. Justificar o voto deveria ser chamado de Absolvição dos pecados ou Exercício de descarrego de consciência, ou então Ufa, dessa vez eu não vou ter culpa no cartório. Justificação é um processo digno de quem vota, de quem indica alguém pra ocupar um cargo. É mané, você votou no pilantra que está roubando tudo agora? Então é você quem tem que se justificar – justificar a sua escolha -, agora todo mundo está se lascando hein! O seu candidato se elegeu e não fez nada do prometido? Justifica então. O seu não se elegeu!? Que sorte, pelo menos você não corre o risco de levar culpa de nada, nem de ter que se justificar.

Não quero induzir ninguém a não votar, pelo contrário. Acredito sim, que há candidatos aptos, que ainda existam pessoas que cumprem com a palavra e que trazem a honestidade como virtude, esses, merecem um voto injustificável. Mas, infelizmente, o que se vê na política hoje, todo mundo já sabe: político corrupto já virou redundância.

Sem delongas – como diz o gaúcho, já que agora me assento nessas terras! -, senão o discurso vai começar a ficar moralista ou chato demais, só queria publicitar a minha experiência nas Eleições 2008, dizendo que eu me sinto muito bem com a minha “Justificativa”.

Aos patriotas de plantão, exponho minha admiração pela nação e pela minha cidade, estou abrindo mão do meu exercício de cidadania muito mais por uma questão física – ‘distancialmente’ falando – do que por uma questão política mesmo. Mas não hesito em dizer que me sinto unindo o útil ao agradável.

Espero, sinceramente, de quem for às urnas, que tenham olho clínico para enxergar os bons candidatos, àqueles dos quais os votos, posteriormente, não precisem ser justificados perante incompetência, incredibilidade ou qualquer outro motivo.

Boa sorte aos que votam. Boa sorte aos – bons – candidatos.

E que as justificativas não sejam necessárias no período pós eleições.


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Procura-se gabarito

Sempre me perguntei pra que se vive, afinal. Quando eu era criança achava que eu vivia porque assim meus pais queriam. Me colocaram no mundo, me deram de comer, me compraram tiaras de cabelo que combinavam com o vestidinho. Me muniram de brinquedos e de alertas. O mínimo que eu podia fazer por eles era seguir respirando, acordando, passando fio dental, indo ao banheiro pelo menos depois de comer iogurte de ameixa.

Depois, quando eu era adolescente, achei que a gente vivia para gostar de alguém. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho na escola, valia a pena acordar cedo. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho no inglês, valia a pena abrir mão da sonequinha da tarde. Se tivesse ao menos um garoto bonitinho irmão de uma amiga, valia a pena encher o saco da minha mãe para dormir na casa da amiga. Só podia ser isso! Ou se vive pra estudar matemática? Geografia? Comer legumes? Não podia ser. A única coisa que podia ser, era viver pra sentir o coração disparar por qualquer garotinho bonitinho. De preferência um que tivesse cabelinho loiro ou covinhas na bochecha.
No final da adolescência, eu comecei a achar que se vivia pra ser alguém. Entrar na faculdade. Arrumar um emprego. Ser alguém. Entrei na faculdade com 2546486 anseios, inclusive o de ser alguém. Porque ser alguém não tem nada a ver com essa vontade desesperada de ser alguém. E continuei sem saber afinal para o que se vive. Porque a faculdade e o deslumbre com os primeiros dias de "minha-vida-de-responsabilidade" são espaços curtos demais para uma vida inteira. Não se vive exclusivamente pra isso. Também não se vive pra pegar trânsito, ter um chefe que tira uma vírgula sua e coloca em outro lugar só pra mostrar que é seu chefe. Não se vive pra bater cartão e fazer compras com Visa. Definitivamente não se vive pra isso. Vive-se para salvar as criancinhas, o planeta, os animaizinhos, os aposentados, as árvores, as praias, as formigas? Não, não se vive pra mudar o mundo, o bairro, meu quarto. Porque a gente não muda nem o jeito de escovar os dentes. Essa é a verdade.
Daí achei que vivemos para fazer o que gostamos e ponto final. Como se fosse uma missão para a qual Deus nos enviou. E a minha era escrever, escrever, escrever. Tudo. Eu vivia para ter sucesso nisso. Escrever, faculdade, sonhos, futuro. Mas pra quê? Pra quem?
Aí achei então que se vive para as pessoas. Se você tem dez pessoas de quem gosta muito, taí um motivo para se viver. E eu gostava mais ou menos disso: de dez pessoas. E vivia para isso. Para no final do dia tomar um mate com uma dessas pessoas e brindar o mistério que é não saber pra que se vive. E eu e minhas dez pessoas viveríamos bem até os últimos dias...Mas não é bem assim que funciona, vocês sabem. As pessoas casam, mudam de país, resolvem ficar chatas, resolvem te achar chata, resolvem não tomar mais mate. Infelizmente não se vive para as pessoas. E quanto mais os anos passam mais você descobre que as mil pessoas maravilhosas viram cem que viram dez que viram duas. E essas duas são insuportáveis, mas são as que sobraram. E você intercala as duas pra não se irritar em dobro.
Ahhh tudo é tão chato, não é mesmo? Foi então que descobri que talvez se viva para dormir. Uma cama gostosa, colchão bom, almofadas. Dormir, dormir, dormir. Para nunca mais pensar pra que se vive. E quem disse que dá certo? Eu sonhava toda noite que percorria o mundo atrás da mesma pergunta. E sonhava com velhos sábios, meus coleguinhas do primário, minha professora de História, meu avô, um rato morto, um assaltante, a novela das oito, sei lá. Eu percorria o mundo atrás da resposta. E acordava cansada e com mais sono. Esse negocio de dormir não resolve o problema de ninguém.
E segui procurando. Talvez a gente viva pra conhecer o mundo, pra andar numa motoquinha em Paris, pra ouvir todas as músicas lindas, pra ler todos os livros bons, pra pagar os pecados, pra dançar, pra quebrar o pau com todo mundo, pra ser superficial ou leve e adorar todo mundo como se fosse possível viver em paz aceitando todos e sendo aceita. Pra malhar a bunda, pra chorar num concerto no Teatro, pra comer um doce, pra ver o Wagner Moura com seu groovie , pra assistir “P.S. I love you”, pra cudar do meu bichinho de estimação, pra olhar ele pela última vez que nunca é a última vez e chorar pela última vez que nunca é a última vez. Tudo isso? Nada disso? E segui procurando.
Então pra que? Pra quem? Por que? Por que acordo todos os dias? Se eu sinto prazer em escrever é para que alguém leia. Alguém que certamente vai me magoar um dia. E vai embora. Se eu ganho dinheiro é para comprar coisas que um dia vão acabar. Se eu rezo é para ter uma paz que daqui a pouco vai embora. Tudo vai embora. Todos vão embora. Se tudo acaba, então, meu Deus, pra que se vive? Pra que?
E nessa de tanto perguntar e querer o real gabarito, não é que descobri. Eu acho, de verdade, do fundo da minha alma, que se vive única e exclusivamente para se viver. E afinal, que graça teria viver sem o inesperado, a incerteza e a curiosidade?

sexta-feira, 26 de setembro de 2008


Comédia em pé, pra sentar de rir :)



Os últimos anos sedentários na minha vida – eu já fui hiperativa, juro! – me levaram a descobertas um tanto quanto diferentes; diferentes por não serem úteis, mas também por não serem inúteis, visto que me serviram pelo menos de passa tempo.
Nessa rotina de estou-sem-nada-pra-fazer-vou-pra-internet eu acabei – não me pergunte como – chegando a uns vídeos babacas, de umas pessoas babacas, que faziam umas piadas igualmente babacas na internet. Babacamente inteligentes, babacamente caras-de-pau, babacamente geniais no fazer humor: humor negro, humor irônico, humor inédito. A minha descoberta foi com o comediante Danilo Gentili, na época sequer conhecido além dos palcos de Stand Up Comedy da grande São Paulo, um chinelão, despojado, com um ar irritantemente irritante de “to cagando e andando pra o que vocês acham de mim”, foi disparadamente um dos melhores vídeos de humor que eu já vi. E depois desse, veio o segundo, o terceiro, o quarto e o vício. De Gentili para Portugal, de Portugal para Rafinha, de Rafinha para Gun, e segue a lista de humoristas que me fizeram perder – ou ganhar! – horas na frente do computador.
Não sabe o que está perdendo quem ainda não se deu ao luxo de conferir o trabalho dessas pessoas que fazem o trabalho mais difícil e trabalhoso do mundo: fazer humor sem sair do palco sendo chamado de idiota ou de palhaço.

Segue o vídeo da minha primeira Stand Up Comedy vez. E que isso não soe pornográfico!

Pra quem gostar, segue o link do site oficial do “movimento” Stand Up no Brasil, que conta com comediantes cada vez mais conhecidos nacionalmente.
http://www.standupcomedy.com.br/
E pra quem não entendeu nada do que eu escrevi até agora:
Stand-up comedy é uma expressão em língua inglesa que indica um espectáculo de humor executado por apenas um comediante. O humorista se apresenta geralmente em pé (daí o termo 'stand up').
Também conhecida como humor de cara limpa, a comédia stand-up privilegia o artista munido apenas do microfone, sem personagem, fantasia ou acessórios. O humorista stand up não conta piadas conhecidas do público (anedotas). É normal que se prepare números com texto original, construído a partir de observações do dia-a-dia e do cotidiano.
Até mais!