domingo, 21 de dezembro de 2008

Balanço de final de ano

Quando ouvimos na Globo a lendária “hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou [...]”, quando a Coca-Cola troca figuras pop e jovens por ursos polares e Papais Noéis nos seus comerciais, quando o vermelho, branco, verde, pisca-piscas e afins começam a nos cercar, percebemos que é próximo o final do ano e com ele a hora dos balanços; fazer os balanços financeiros, sociais, do trabalho, enfim, é hora de parar pra reparar no que aconteceu e efetivar a famosa relação de perdas & ganhos. E eu lá tenho saco pra ficar fazendo balanço? Aliás, eu lá tenho do que fazer balanço?! Tenho sim, esse ano foi o primeiro de uma nova fase, e certamente ele merece uma boa descrição de saldos.
A lista dos aprovados do vestibular foi como um passaporte para a virada de 180° que a vida de alguém - que sempre foi dependente e nunca morou fora da casa dos pais até os 17 anos, 11 meses e alguns dias - ia presenciar. A partir dali não precisava mais saber quanto é o logaritmo de 45 na base 9, nem que as briófitas são os vegetais mais simples, muito menos que o movimento retilíneo uniformemente variável é aquele que tem aceleração; a partir dali eu tinha que saber cozinhar, lavar roupas, limpar a casa, lidar com uma distância de consideráveis quilômetros da minha casa, da minha família, dos meus amigos e, como se não bastasse, estudar, estudar, estudar. O nome disso: faculdade.
Tudo começa com uma sessão de pânico, medo do novo, medo das pessoas, medo de não me encontrar, de não ser encontrada nesse mundo que ainda não era o meu. Eu não estava exatamente onde queria estar - e confesso, ainda acredito não estar! - mas os dias vieram trazendo consigo coisas interessantes, instigantes e divertidas.
As pessoas começam a deixar de serem estranhas, ou melhor, algumas delas. As afinidades são como no Big Brother, determinam os escolhidos e os excluídos das nossas vidas, e foram elas que me levaram às pessoas responsáveis por parte significativa da minha felicidade aqui.
O mais estranho é você querer que as pessoas saibam como você é, mas você se dar conta de que as pessoas aqui não te conheciam como o seu melhor amigo, como a professora do colégio, como a vendedora da loja de sempre. É preciso mostrar pras pessoas quem você é, descobrir quem elas são, e ainda fazer isso tudo direito, caso contrário ou você é deslocado, ou todo mundo. Talvez seja um pouco psicótico isso, mas era o que eu sentia. Eu queria que as pessoas enxergassem a minha alma, o que eu era por dentro, mas ninguém enxerga isso, então mais um desafio para a lista: me fazer conhecer.
A diversidade de jeitos, de sotaques, de culturas, de inteligências - e, infelizmente, da falta dela - dentro de uma sala de aula nunca foi tão nítida e presente na minha vida estudantil, saber lidar com isso também é um empecilho, respeitar ou simplesmente abstrair-se do que não me diz respeito, e as relações correm bem.
Os estudos não foram problema. Se eu me preocupei com a inserção social no meio acadêmico, com a inserção didática foi o contrário, eu não poderia estar em outro curso, com outras disciplinas, o Jornalismo é a minha praia, a minha areia, os meus peixes, e o que mais puder. Mergulhei de cabeça nele sem medo de me afogar - exceto no final do semestre!
Sem dúvidas a experiência mais fascinante deste primeiro ano de faculdade foi a liberdade. Não que eu não a tivesse antes, mas agora era diferente, administrar a própria liberdade parecia algo surreal, e é, mas exige muito controle, muita maturidade, muitos limites. Poder sair pra qualquer lugar, até qualquer hora, com quem quisesse e fazer o que quisesse, parece simples, mas neeeem tanto. Ser responsável por si próprio, estar ciente do que fazer e das consequências do que se faz, saber pra que dizer sim, pra que dizer não, quebrar a cara, arrepender-se, tudo isso envolve o jogo do “be free” que eu tenho nas mãos.
Eu não sou a estudante mais perfeita, tampouco a mais psicodélica. Posso dizer que eu vivi muita coisa nesse primeiro ano, mas tenho certeza que se comparar o meu saldo de loucuras com muita gente, vou perder de uma baaita lavada. Não acho isso ruim. Eu sou bastante feliz por esse ano letivo que tá terminando e não mudaria uma vírgula nele se pudesse voltar no tempo.
E as experiências. Essa é a parte nostálgica e divertida de contar.
O trote, a quebra do gelo, as trovas, os primeiros amigos, o começo da festa, o começo do estudo, o carimbo inicial. As aulas, o deslumbre, o gosto, o Restaurante Universitário - vulgo Morte Lenta, no menos pior dos sentidos! -, a escrita. O filme, o atraso, o começo da mudança. As junções, pizzaria, 1402, conversas, 503, risadas, música, cantoria e baralho. A mudança, 102, apartamento e uma pequena família, eu e a Bru, a gente vive juntas, a gente se dá bem :). Festas, bastante, de todos os tipos, em muitos lugares, Spazio, Baiuca, Mendonças, Pracinha da Uri, sem contar nos apartamentos por aí que deram trabalho pros vizinhos mas que deram muita alegria pra gente. As jantas com os cardápios mais sofisticados e/ou improvisados que se possa imaginar. Os churrascos - muitos deles sem carne! As bandas cinza noite afora, pra ver vitrine, pra passar o tempo, pra voltar pra casa, pra sair de casa. As bebedeiras, caipira, batida, cerveja, tequila. O chimarrão que é vício, o tererê que é bagual e o Rio Grande do Sul que é tri legal tchê! As companhias bacanas no sofá gostoso, pra jogar conversa fora, pra assistir o Jô, pra ver filme, pra ouvir música, pra ver futebol, pra não ver nada ou pra nenhuma das anteriores. As pessoas com quem eu ri, com quem eu chorei, com quem eu dancei, com quem eu corri, de quem eu ri, com quem eu brinquei, quem eu mordi, beijei, abracei, quem eu queria mais, quem eu não queria, quem me quer bem, quem me entende, quem me diverte, quem me irrita, quem me cativa, quem me aconselha, quem eu ouço, quem me escuta, quem fez festa, quem estuda, quem tá junto, todo mundo que fez parte de algum jeito e que sabe quem é.
Não aprendi a jogar truco, mas nunca joguei tanta carta na vida. O pessoal do baralho é uma parceria e tanto, o tempo passa e ninguém percebe. Os intervalos do almoço eram curtos pro tempo do jogo.
Não sei se o tempo que passou rápido, ou se essa é a falsa impressão que se tem diante de tantos acontecimentos, de tantas coisas, de tanta ocupação. Passaram-se dois semestres, o primeiro ano da faculdade. Experiência única e inexplicável. Talvez eu pudesse estar mais feliz em outro lugar, mas estaria mentindo se dissesse que neste um ano eu não fui feliz, porque eu fui. É claro que não foi tudo um mar de rosas, eu só não vou escrever um texto contando o que não foi legal ou o que eu não gostei, até porque no meu balanço de final de ano letivo, os ganhos superaram as perdas.

E é isso aí.
:D

Faltou muita coisa, mas pra bons leitores, breves histórias bastam.
E até o ano que vem!

3 comentários:

Admin disse...

passou rapido, né, fabi? mas duvido que ano que vem seja que nem foi este. pode ser melhor, mas igual impossível.

Diona disse...

Possivelmente, muito ainda esta por vir, mas o que passou já nos deixou se não marcas profundas, ao menos nos transformou em pessoas diferentes, uns para melhor outros pra pior, outros não entremos ao mérito, mas enfim... UM ano que se passa mas OUTRO esta por vir, e lições novas estamos a aprender, e erros estamos a cometer, gente nova a conhecer( BICHOS) e assim vai... e a vida contínua numa completa incógnita. O que está por vir? É isso que faz o próximo ano shooooow. ( texto massa pacas fabi! Shoowwwdibola)

Anônimo disse...

Minha prima... arraso pra varia...
adoro seus textos está na profissão certa...
este ano passou rápido e nossa garotinha virou gaucha... e deixou saudades...
mas td por uma boa causa.

ainda q vou te ver logo fériasssss tão merecidas né??


PARABÉNS